Por que engordamos? Pare de contar calorias e emagreça já!
- Tati Espíndola
- 5 de out. de 2015
- 6 min de leitura

Por que engordamos?
Essa é uma ótima pergunta para ser feita nos dias de hoje.
Nos últimos 30 anos temos visto nosso peso subir mais e mais, coincidência ou não, as prateleiras dos supermercados exibem uma quantidade bem maior de produtos alimentícios do que há 30 anos atrás.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nós engordamos quando consumimos mais calorias do que gastamos e emagrecemos quando gastamos mais calorias do que consumimos.
Com base nessa informação, conclui-se que todas as calorias são iguais.
Essa ideia é repetida como um mantra onde quer que você vá, nesse caso a solução deveria ser simples, comer menos e praticar mais exercícios bastariam para manter um peso ideal ou até mesmo emagrecer.
Na prática essa teoria é um pouco mais complicada.
Atualmente um dos setores que mais cresce em países como Estados Unidos e Brasil é o de academias fitness.
Não sei se você notou, mas hoje em dia tem uma ou mais academias em cada bairro, há alguns anos era preciso se esforçar um pouquinho mais para ter acesso a uma academia.
Bom, isso quer dizer que as pessoas estão se exercitando mais, consequentemente ficando mais magras.
Ainda não, pois segundo a OMS nós temos que comer menos também.
E é aí onde realmente mora o problema!
Existe alguma coisa na teoria de “balanço calórico” que simplesmente não encaixa.
Milhares de pessoas, inclusive muitas crianças, procuram seus médicos alegando que simplesmente não conseguem comer menos ou em alguns casos, que já diminuíram a quantidade de comida mas mesmo assim não conseguem emagrecer.
Estranho, não? Se eu pratico exercícios e diminuí a quantidade de comida, por que ainda assim, não consigo emagrecer?
Embora eu não seja especialista no assunto, pesquisas cientificas, livros e documentários estão disponíveis para quem estiver disposto a buscar por estas informações.
Nas minhas pesquisas encontrei o que para mim é a resposta para esses questionamentos.
Manter um peso ideal ou emagrecer não se trata apenas de contar calorias, mas sim de levar em consideração a qualidade dessas calorias.
Por exemplo:
1 fatia de pão branco de 80 calorias
13 amêndoas cruas possuem em média 80 calorias
Em tese tanto o pão quanto as amêndoas tem o mesmo efeito no organismo, segundo a teoria de que todas as calorias são iguais.
Porém, o que se observa é que esses dois produtos reagem de maneiras muito diferentes em nosso corpo.
Quando ingerimos qualquer tipo de alimento, esses se transformam em açúcar no sangue, essa é a maneira que o corpo trabalha para gerar energia.
No caso do pão, feito de trigo refinado, que não possui nenhum tipo de fibra e quase nada de gorduras ou proteínas, a digestão é muito fácil, fazendo com que a transformação em açúcar seja também muito rápida e de uma vez só, esse comportamento classifica o pão como um alimento de alto índice glicêmico.
Pois eleva as taxas de açúcar no sangue a níveis maiores do que o necessário, esse excesso causa o que chamamos de pico glicêmico.
O pico glicêmico acontece quando uma quantidade muito grande de açúcar é depositada no sangue de uma única vez.
Os tecidos envolvidos na captação de glicose são: músculos (local mais importante da captação periférica da glicose), cérebro, fígado e células adiposas.
Embora a captação de glicose pelas células adiposas seja menor em relação as outras, é pra lá que vai todo o excesso de glicose, pois o tecido adiposo funciona como um reservatório.
Nem preciso dizer que é todo esse açúcar injetado nas células de gordura que nos fazem engordar, né?!
O pico glicêmico também causa uma reação no sistema nervoso, elevando a serotonina e nos deixando em estado de euforia.
Assim que esse efeito do açúcar passa, entramos em estado de abstinência, o estado eufórico vai embora e nos sentimos lentos e preguiçosos, nosso corpo então solicita uma nova carga de energia.
Nosso organismo vai nos dar sinais de fome ou desejo por alimentos super doces e geralmente calóricos, dificilmente depois de um pico glicêmico sentiremos vontade de comer alimentos saudáveis.
Conforme vamos obedecendo a esses estímulos, geramos um ciclo alimentar vicioso, onde estamos sempre com fome, lentos e preguiçosos.
Esse ciclo torna-se tão banal que a maioria das pessoas nem percebe que seu desempenho é baixo, estamos acostumados a viver em “meia fase”.
Resumindo, quando comemos uma “inofensiva” fatia de pão de apenas 80 calorias, estamos na verdade iniciando um processo que pode se tornar um vício, exatamente como acontece com as drogas ilícitas, como por exemplo a cocaína.
Esse ciclo se mantido a longo prazo gera a obesidade que é a porta de entrada para vários tipos de doença como diabetes, pressão alta, problemas cardiovasculares, câncer, entre outros.
Por outro lado quando consumimos um punhado de amêndoas a reação do organismo é completamente diferente.
As amêndoas são ricas em gorduras e fibras, isso faz com que o corpo tenha que se esforçar mais para digeri-las! Portanto, neste caso a liberação de açúcar é lenta possibilitando o corpo fazer o transporte da glicose somente para as células necessárias, sem precisar estocar nas células de gordura.
Como o açúcar é liberado aos poucos não há o pico glicêmico, nosso corpo se mantém estável e entende que aquela quantidade de amêndoas é suficiente e o que sentimos é saciedade, e não euforia, podemos então classificar as amêndoas como um alimento de baixo índice glicêmico.
Como não experimentamos o estado de euforia, não há crise de abstinência, nosso corpo não vai ficar desesperado por açúcar e então não entraremos no ciclo vicioso, isso nos permitirá fazer escolhas alimentares muito mais conscientes, consequentemente mais benéficas para a nossa saúde.
Disso tudo, podemos entender que as calorias não são todas iguais, embora muitos estudos científicos (financiados pela indústria alimentícia) afirmem que sim.
A qualidade e integridade bem como o índice glicêmico dos alimentos está diretamente relacionada com o emagrecimento.
Acredito que com esses exemplos, deve ter ficado um pouco mais claro a razão de engordarmos cada vez mais, certo?
A partir desse entendimento devemos resgatar o controle sobre nossas vidas, nesse caso, sobre o nosso peso.
Como?

Adotando um estilo de vida mais consciente, evitando ou até mesmo excluindo alimentos industrializados e super processados da nossa vida.
Dar preferencia para a comida de verdade, fresca e integral, mas não só isso, pois mesmo os alimentos saudáveis tem suas armadilhas.
Como eu disse acima, o índice glicêmico dos alimentos é um ponto fundamental para o processo de emagrecimento.
Índice glicêmico ou IG diferencia um alimento do outro de acordo com a quantidade de açúcar contida nele e isso está diretamente ligado com a glicemia. Para saber a classificação dos alimentos, consulte esta tabela.
A partir dessa classificação conseguimos equilibrar nosso cardápio afim de equilibrar o consumo de alimentos de alto IG, isso nos ajuda a controlar a glicemia (taxa de açúcar no sangue), consequentemente evita a obesidade e todos os problemas agregados a ela.
Pra ficar mais fácil de entender:
Quando for comer uma banana que é rica em açúcar, coma também umas 3 castanhas de caju que possuem baixo IG.
Se for fazer um pão caseiro, troque a farinha de trigo que tem alto IG pela farinha de grão de bico que tem baixo IG, ou adicione castanhas, chia, linhaça, para ajudar a equilibrar o IG do pão.
Troque o arroz branco pelo integral, o suco de fruta pela fruta propriamente dita, a batata comum pela batata doce, essas pequenas mudanças fazem TODA a diferença.
Mas lembrando sempre que a alimentação balanceada deve caminhar junto das atividades físicas, só assim nossa saúde poderá ser plena.
E não venha me falar que você se alimenta mal por que é mais barato, por que é mais prático e blá, blá, blá...
Uma alimentação saudável não precisa de firula, sal do Himalaia ou frutinhas da Ásia, precisa apenas de bom senso, de consciência e amor próprio, sim, alimentar-se bem é uma atitude de quem se ama.
Então aproveita esse ato de amor e transborda, envolve positivamente quem estiver ao seu lado e engrossa esse coro pelo direito a uma alimentação de qualidade para todos.
Diga não à comida embalada, volta para a feira e incentiva o produtor, faz uma hortinha aí na sua casa, nem que seja uma mudinha de hortelã (que é meu caso), traz de volta sua origem de ser humano e evolui!!!
Um beijo... ... ...
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